
Netflix apresenta série animada de Splinter Cell no Festival de Annecy com recepção entusiasmada
3 min.
10/06/2025
Ériton Cláudio
O maior evento de animação do mundo, o Festival de Annecy, que ocorre no sul da França, foi palco de uma das apresentações mais empolgantes desta edição: a estreia dos primeiros materiais da aguardada série animada Tom Clancy’s Splinter Cell: Deathwatch, da Netflix (via Deadline).
Durante o painel, três clipes inéditos foram exibidos ao público. No primeiro, o protagonista Sam Fisher, dublado por Liev Schreiber, é apresentado com um tom sombrio e introspectivo. O segundo clipe trouxe uma sequência de luta descrita como “épica” pelos presentes, enquanto o terceiro mostrou uma intensa perseguição de carro, evidenciando o ritmo acelerado da narrativa.
O diretor Guillaume Dousse (Hunters) revelou as principais influências que moldaram a estética e o tom da série. Segundo ele, a produção é uma fusão entre o estilo visual realista de Michael Mann e a sofisticação psicológica do japonês Satoshi Kon (Perfect Blue). Ghost in the Shell e o universo dos animes futuristas também serviram de inspiração para a atmosfera da obra.
“Tiramos uma enorme inspiração do live-action”, afirmou Dousse. “Queríamos uma mise en scène melancólica, com muitos contrastes e profundidade emocional.” O diretor citou ainda a marcante cena de 17 minutos sem cortes do filme Fome (2008), de Steve McQueen, como modelo para a construção de planos longos e estáticos que aparecem ao longo da animação.
A trilha sonora promete seguir por caminhos pouco usuais para produções de ação, buscando referências em séries como Ozark e Tokyo Vice, e ajudando a compor um universo mais denso e contemporâneo.
Uma das decisões criativas mais curiosas envolve o próprio protagonista. Sam Fisher será retratado como um agente mais velho e marcado por anos de missões e perdas, algo que, segundo o produtor Hugo Revon, remete ao trabalho de Tom Cruise em Missão: Impossível, embora com um viés mais realista. “Não é o mesmo tipo de herói incansável, mas alguém mais humano, mais vivido”, explicou Revon.
A história da série se passa em 2025, numa realidade onde a guerra se dá não apenas com armas, mas também com informação falsa e manipulação midiática. De acordo com Carl Tamakloe, gerente de desenvolvimento da Ubisoft, o tema central é a guerra híbrida: “Queríamos refletir sobre como as guerras modernas são travadas. Em 2025, não se luta como em 2000. Fake news podem desestabilizar um estado inteiro.”
Tom Clancy’s Splinter Cell: Deathwatch tem estreia marcada para o segundo semestre de 2025 no catálogo da Netflix. A série adapta o universo da franquia de games lançada em 2002, que também gerou uma série de livros acompanhando as missões de Sam Fisher como um dos mais temidos agentes de operações secretas do mundo.
A julgar pela recepção calorosa no Festival de Annecy, a animação tem tudo para conquistar tanto os fãs antigos quanto um novo público em busca de tramas densas, visuais sofisticados e ação inteligente.