
A HISTÓRIA POR TRÁS DE A NOVIÇA REBELDE!
5 min.
01/10/2020
Guilherme Salomão
Hoje Julie Andrews completa incríveis 85 anos de idade. A atriz britânica teve uma vasta e vitoriosa carreira no cinema, televisão, teatro e música, onde se destacou não só por suas boas atuações, mas também por suas habilidades de canto, dança (que de certa forma, contribuíam para tornar suas atuações ainda mais memoráveis), direção teatral e até mesmo na escrita. Vencedora de dois Emmys, dois Grammys, três Globos de Ouro e um Oscar por seu trabalho, Andrews se tornou um ícone mundial, sendo condecorada também com a Ordem do Império Britânico, em 1999.

Entre os filmes da icônica personalidade (depois desse primeiro parágrafo é melhor eu não ousar chamá-la simplesmente de atriz) está um que esse ano completa 55 anos de seu lançamento original nos cinemas: A Noviça Rebelde, de 1965. Um dos maiores clássicos do cinema, o longa é até hoje um dos favoritos do público cinéfilo e está na lista daqueles filmes inesquecíveis e impossíveis de não marcarem a vida de cada indivíduo que o assiste.
A história por trás do filme começa na literatura, com o livro de memórias The Story of the Trapp Family Singers, escrito por Maria von Trapp (A Noviça em pessoa) em 1949. Após o lançamento do livro, em 1956 ele foi adaptado pela primeira vez para o cinema, em um drama alemão-ocidental intitulado Die Trapp Familie (A Família Trapp, em tradução livre). Já em 1959, o livro de Maria foi adaptado para os palcos em um musical da Broadway, que por sua vez foi a inspiração maior para o longa-metragem hollywoodiano aqui em questão. A trama base para todas essas adaptações é a mesma. Somos apresentados a Maria, uma extrovertida aspirante a freira na cidade de Salzburgo, na Áustria, em plena ocupação nazista no país. Por conta de sua indisciplina, ela acaba sendo enviada para ser governanta dos sete filhos de um rígido oficial da marinha viúvo, transformando para a sempre a vida das crianças e do patriarca.

Inicialmente, a Paramount, que detinha os direitos da adaptação, pretendia que o filme fosse estrelado por Audrey Hepburn (Sabrina, Bonequinha de Luxo). Porém, a história mudou de rumo quando a Fox comprou os direitos do livro. Agora, os planos do outro estúdio envolviam o diretor William Wyler, que tinha no currículo o sucesso estrondoso de Ben-Hur, de 1959 (o maior vencedor da história do Oscar, empatado com Titanic e Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei com incríveis 11 prêmios). Além de Wyler para diretor, a Fox queria uma atriz que, em sua estreia no cinema, saiu vitoriosa do Oscar de Melhor Atriz por Mary Poppins (1964), dos estúdios Disney: Julie Andrews.
Com roteiro de Ernest Lehman, a Fox só teve seus planos frustrados em relação a ideia de ter William Wyler como diretor. No lugar dele, que estava com conflitos de agenda, entrou Robert Wise, que naquela altura do campeonato já era um veterano em Hollywood. Wise, entre clássicos como O Dia em que a Terra Parou (1951), vinha do sucesso e da vitória do Oscar de Melhor Diretor pelo musical Amor, Sublime Amor, de 1961 (onde coincidentemente, Ernest Lehman também havia sido roteirista) e se provou a melhor escolha para o cargo, caindo feito uma luva na produção.

Lançado em março 1965, A Noviça Rebelde, de início, recebeu algumas críticas mistas, porém em pouco tempo a crítica global se rendeu ao encanto de Maria e das crianças da família von Trapp. Sendo um sucesso estrondoso de público, o longa se tornou a maior bilheteria de seu tempo, com US$ 286 milhões arrecadados no mundo todo. Também venceu cinco prêmios Oscar na cerimônia de 1966, incluindo Melhor Filme e Diretor, de um total de dez indicações.

Um musical, romance, comédia, drama, filme histórico...A Noviça Rebelde é, acima de tudo, uma história recheada de amor e esperança. O coronel Von Trapp nos ensina a defender com firmeza e coragem os nossos valores, sem abaixar a cabeça para o adversário, mesmo que ele seja tão intimidador quanto a Alemanha de Hitler. Por sua vez, Maria, com toda a sua beleza, carisma e simplicidade, nos mostra como perseverar e passar pelas adversidades e momentos ruins, com a alegria da música e dos simples prazeres.
Como dito... ou melhor, cantado por ela: "Quando o cachorro morde, quando a abelha ferroa, quando eu me sinto triste, eu simplesmente me lembro das minhas coisas favoritas e então eu não me sinto tão mal".